Violência — Foto por: João Vieira

O pedreiro Cicero Martins Pereira Junior, 24, irmão de Nataly Helen Martins Pereira, 25, contou aos policiais que descobriu o corpo da vítima no quintal após buscar ferramentas no fundo da casa para abrir o vaso sanitário, pois segundo a irmã, o parto haveria ocorrido no banheiro. Ele foi preso após os policiais cavarem o quintal de sua casa e encontrarem o corpo de Emelly Beatriz Azevedo Sena, 16, na quinta-feira (13), em Cuiabá.

Em depoimento a Polícia Civil, na noite dessa quinta-feira (13), Cicero negou qualquer envolvimento com o crime e disse que sentiu cheiro forte de sangue em sua casa, mas acreditou que fosse devido ao parto da irmã.

Ele conta que, durante a quarta (12), estava trabalhando quando, por volta das 14h30, ligou para a esposa de costume, e a mesma estava trêmula dizendo que Nataly havia dado à luz em sua casa.

Estranhou a presença da sua irmã na casa do Jardim Florianópolis, já que a residência, na verdade, era de seus pais e que eles deram para ele morar com a família. 

O irmão de Nataly recordou ainda que há 3 dias, ela pediu para que ele pegasse duas bolsas contendo roupas de bebê na casa do seu tio e levasse para sua casa, alegando que ia fazer uma mudança e não queria que as peças pegassem poeira.

Ainda na quarta, ele chegou em casa por volta das 15h e encontrou Nataly no quarto do fundo. O bebê estava enrolado em uma toalha. Aledson Oliveira da Silva também estava no local. 

Cicero conta que mal entrou na casa, pegou a irmã e o recém-nascido, os colocando em seu carro e os levou para o Hospital Santa Helena, pois no momento, se preocupou com o estado de saúde de sua irmã e da criança devido ao parto em casa.

O irmão de Nataly conta que notou respingos de sangue no guarda-roupa e paredes do quarto onde ela estava e que, por acompanhar o parto de sua esposa Evelyn, acreditou ser ‘normal’ os respingos de sangue.

Ele conta que durante o percurso até o hospital, a irmã reclamou de dores e disse que estava sangrando. Ao chegar no local, a esposa dele já aguardava pela cunhada e ele deixou que ela a acompanhasse.

Ao retornar para casa, Cícero notou um cheiro muito forte de sangue e por isso, sua esposa pediu para que ele jogasse água sanitária para limpar o chão antes que os filhos voltassem.

Aos policiais ele disse que, com um pano, limpou o chão e banheiro da casa, mas que Aledson já havia feito uma limpeza antes. A esposa ainda contou para ele que Nataly "sofreu muito ao dar à luz, e gritou bastante".

Ligação avisando sobre a polícia

Já por volta das 2h de quinta (13), ele foi acordado com uma ligação da irmã pedindo que ele levasse sua esposa até a delegacia, pois estavam acusando que o "bebê não era dela", e que, como Evelyn haveria presenciado o parto, precisava depor. Porém, na hora, ele percebeu que era uma mentira. A esposa estava trabalhando e não presenciou o parto de Nataly. 

Mesmo assim, o casal foi até a delegacia e Evelyn contou suas versão dos fatos. Ele conta que em determinado momento sua esposa saiu da sala para pegar um celular onde ela informava ter fotos e vídeos, para confirmar seu depoimento, e neste momento um policial se aproximou e o questionou sobre a gravidez de Nataly e se ele havia acompanhado ela em algum exame.

Cícero contou que via uma barriga de grávida em sua irmã, e que a mesma afirmava que estava grávida, mas não a acompanhou em nenhum exame médico.

Após serem liberados, o escrivão contou para sua esposa, que uma adolescente grávida tinha desaparecido, e que sua irmã apareceu com um recém-nascido em um Hospital, mas a criança não era de Nataly.

Já durante a manhã de quinta (13), ele deixou os filhos com a babá e a esposa no trabalho, e em seguida se dirigiu ao serviço, mas como chovia, ele voltou para casa. Deitou um pouco e minutos depois recebeu uma ligação de Alédson Oliveira da Silva, namorado de sua irmã, que também estava na delegacia, informando que os policiais estariam indo à sua casa.

Ao chegar na residência, os policiais fizeram perguntas sobre Nataly ter estado na casa. Ele deixou que os policiais entrassem no local e se prontificou a ajudar.

Minutos depois, Aledson também chegou com outros policiais, que questionaram sobre os "os restos do parto", como placenta, e seu cunhado afirmou que Nataly disse que tinha “descido pelo vaso”.

Neste momento, Cicero se prontificou a mostrar as caixas de esgoto, e disse que tinha ferramentas para ajudar a abrir o objeto. Ele foi aos fundos da casa em busca de uma picareta, e viu uma “terra mexida”.

Quando os policiais foram até o fundo onde ele estava, Cicero mostrou a terra remexida e disse que não sabia porque estava daquela forma.

Ele conta que foi preso após os policiais cavarem o local e encontrarem o corpo de Emelly.

O caso
Conforme noticiado pelo , Emelly saiu de casa no final da manhã de quarta-feira (12), no bairro Eldorado, em Várzea Grande e avisou a família que estava indo para Cuiabá buscar doações de roupa na residência de um casal.

Durante a noite, uma mulher apareceu no hospital com um bebê recém-nascido, alegando que era filho dela e que tinha dado à luz em casa. Mas, após exames, a médica do plantão confirmou que a mulher sequer esteve grávida.

A mulher relatou a equipe médica que deu à luz em casa. Os profissionais observaram que a criança estava limpa e sem sangramento. Além disso, exames ginecológicos e de sangue demonstraram que a mulher não tinha parido recentemente. Ela também não tinha leite para amamentar a bebê.

Polícia Militar foi acionada e descobriu que uma jovem de 16 anos estava desaparecida e o registro tinha sido feito no Núcleo de Pessoas Desaparecidas da DHPP. Diligências começaram e, na manhã de quinta-feira (13), os investigadores chegaram até uma casa no Jardim Florianópolis, onde o corpo de Emelly foi encontrado.

Ele estava em uma cova rasa, no quintal. Vítima tinha lesões no corpo, mãos e pés amarrados, sacolas na cabeça e uma lesão no pescoço. Além disso, havia um corte enorme na barriga, em formato de 'T'. Perícia foi acionada e 4 pessoas foram detidas, entre elas, o casal que chegou no hospital.

No decorrer do dia, a DHPP prendeu em flagrante Nataly Helen Martins Pereira, 25, que atacou Emelly e retirou a filha dela da barriga, depois, enterrou a menina no quintal. 

Por Gazeta Digital