Sem querer citar grandes feitos humanos na história da civilização, e olha que temos muitos exemplos, podemos falar de algo mais simples, mais local e mais próximo de nossa realidade individual: oferecemos e nos doamos muito pouco em retribuição ao talento que recebemos gratuitamente em nossas vidas. Perceba que algumas pessoas nascem com talentos tão incríveis e aperfeiçoados que, por mais que outras estudem ou pratiquem, nunca conseguirão fazer algo igual. Esse dom herdado, presenteado como um talento, é divino, quer você aceite ou não. É uma dádiva.

A carga de uma obra realizada, idealizada ou processada pelo talento, seja ele conjunto ou individual, e que a torna atemporal ou não, é simplesmente um raro evento de energia universal. Você foi apenas um mero instrumento utilizado para essa efetivação ou materialização do instante. Perceba que nossas habilidades podem ser treinadas, aperfeiçoadas, melhoradas ou maximizadas de acordo com nosso grau de interesse e dedicação, investimento e capacidade de entender nossa potencialidade. Ainda assim, a única fagulha de talento existente em nós não nos foi oferecida gratuitamente; foi uma escolha individualizada e creditada para que possamos construir meios, retribuir aos nossos e compartilhar ações para o bem comum de forma plena e colaborativa, ampliada dentro da possibilidade de nosso próprio esforço e interesse sincero em ajudar a transformar vidas.

Muitos de nós podem contribuir com seu tempo e talento para oportunizar a todos os indivíduos de sua comunidade, cidade, estado, país ou planeta melhores condições de vida. Assim, construiremos dias melhores e comunidades mais humanizadas com ambientes salubres e felizes, impactados pela ação voluntária e extraordinária de um talento aprimorado e aplicado nesse contexto humanitário. Perdoe, mas isso é um orgasmo intelectual, um estágio de nirvana da mente quando ocorre de modo sincero.

Digite "talento" no Google, e a primeira leitura que aparece é um artigo do professor Eugenio Mussak. Ele destrincha de forma curiosa a diferença e a relação entre dom, talento e vocação. Segundo ele, o talento pode ser treinado e aperfeiçoado. Ponto pacífico até aqui. Já eu, de modo unificado, compreendo que o dom e a vocação formulam a dose da centelha do talento.

Veja isso:

Alguém perguntou a Tom Jobim como ele fez ou se inspirou para compor a música “Garota de Ipanema”. Ele simplesmente respondeu: "É como perguntar a um feiticeiro como ele fez tal feitiço". Ele responde: "Não sei". Ou seja, ele tinha o dom e a vocação que, dosados, materializaram-se no talento. Este, por sua vez, aprimorado por seu próprio esforço, deu-lhe a consciência necessária para utilizar a inspiração e transformá-la em melodia.
Todos temos algum tipo de talento, seja ele dom ou vocação.
    Qual é o seu talento? Já descobriu sua principal habilidade?
Como você pode ser útil na sua comunidade?

por Valdinei Felix

é empresário em Cáceres-MT