A Câmara Municipal participa da articulação para instalar uma faculdade de medicina na cidade boliviana de San Matías, que faz fronteira com Cáceres. O assunto foi tema da reunião que ocorreu nesta terça-feira (11/2), na casa de leis, entre o Legislativo e uma delegação de servidores da secretaria de Educação da Bolívia.
"Essa faculdade de medicina é muito sonhada pelos dois países. Vai ajudar não só Cáceres e região, mas todo Estado de Mato Grosso", ressaltou o presidente da Câmara, vereador Flávio Negação.
A secretária de Educação de San Matias, Brenda Toro, disse que estudantes brasileiros - de diferentes regiões do país - fazem medicina na cidade de Santa Cruz, na Bolívia.
Explicou que Santa Cruz é mais distante da fronteira, estando a cerca de 890 km de Cáceres, enquanto que San Matías fica apenas a 90 km de distância.
Assim, instalar uma faculdade de medicina em San Matías seria bom tanto para os bolivianos quanto para os brasileiros. Para os bolivianos, porque, segundo Brenda, traria desenvolvimento socioeconômico à cidade, com geração de renda e emprego, além do fortalecimento da rede hoteleira. E para os brasileiros reduziria custos com aluguel de casa, alimento e locomoção. "Facilita para todos", resumiu.

IMPLANTAÇÃO
O secretário de Estado de Educação da Bolívia, Nelson Nery, comentou que o próximo passo é uma reunião de coordenação com sua equipe para acertar os detalhes da implantação da faculdade em San Matías.
Em seguida, ocorrerá um diálogo com os donos da faculdade privada Udabol, para ver questões legais da implantação, inclusive o espaço que vai abrigar a unidade. Uma das possibilidades é a zona franca de San Matías.
"Vamos fazer os acertos necessários com a universidade para que possamos fazer um documento, montar quais serão as necessidades que vamos ter e, acima de tudo, materializar no menor tempo possível esse benefício, esse corpo docente, que será importante para os dois países", detalhou gestor boliviano.

OUTROS ASSUNTOS
A reunião também contou com diversos assuntos que afetam as duas cidades, que são consideradas gêmeas, pela proximidade e trocas culturais.
Entre as questões, os vereadores presentes apontaram a enorme burocracia enfrentada pelos estudantes brasileiros para emitir os documentos de conclusão do curso de medicina nas universidades de Santa Cruz. Uma burocracia que pode levar meses.
Os parlamentares também falaram sobre a reclamação de taxistas brasileiros, que estariam sendo barrados por colegas bolivianos de transportar passageiros de San Matías para Cáceres.
Os profissionais brasileiros afirmam que falta reciprocidade por parte dos bolivianos, tendo em vista que eles trabalham normalmente em Cáceres.
O secretário Nery anotou e ouviu atentamente as demandas. Ele se comprometeu em levar as questões para uma discussão interna, com outras autoridades bolivianas, para trazer soluções aos problemas, principalmente na busca por mais agilidade na liberação de documentos aos estudantes brasileiros que cursam Medicina em Santa Cruz.

INTERCÂMBIOS NA EDUCAÇÃO
Também foram levantados muitos aspectos positivos na relação de fronteira entre cacerenses e san matienses.
O secretário de Educação de Cáceres, Fransergio Piovezan, mencionou que a Unemat promove um curso gratuito de espanhol aos professores da rede municipal, pois as escolas públicas de Cáceres recebem muitos estudantes de San Matías. O curso é resultado de um convênio entre a prefeitura e a Unemat.

Nesse sentido, Brenda [secretário de Educação de San Matías] atentou para a necessidade de Cáceres e San Matías estreitarem ainda mais os laços culturais, fazendo valer o título de cidades gêmeas.
"Essa reunião é muito importante para brasileiros e bolivianos. Muita coisa acontece entre as duas cidades, a gente fica com os nossos problemas, vocês com os seus, e é preciso falar de frente para resolver a situação", disse Brenda.
Marcio Camilo
Analista em Comunicação/Jornalismo
Câmara Municipal de Cáceres