Mato Grosso é o estado que mais perdeu superfície de água em 2024, totalizando 291 mil hectares. A área perdida pode ser comparada como se quase 9 parques nacionais de Chapada dos Guimarães desaparecessem devido à redução hídrica. O dado faz parte do novo mapeamento da cobertura do território nacional por superfície de água do MapBiomas, e o total perdido por Mato Grosso ainda corresponde a uma queda de 34% em relação a 1985, ano do início do levantamento.
No país, a perda total chegou a 400 mil hectares no ano passado, uma área até duas vezes maior que a cidade de São Paulo, e 37% dos estados registraram perda de superfície de água. O Pantanal foi o bioma mais prejudicado.
Em 2024, o Pantanal era o bioma com menor superfície de água no país: 366 mil hectares, ou 2% do total. É também o que mais perdeu superfície de água em relação à média histórica: 61%. No ano passado, o Pantanal ficou abaixo da média histórica durante todos os 12 meses. Desde a última cheia em 2018, o bioma tem enfrentado o aumento de períodos de seca e, em 2024, a seca extrema aumentou a incidência e propagação de incêndios.
Os dados apontam ainda que o mapeamento mensal do ano passado se aproximou de todos os menores valores já mapeados ao longo dos últimos 40 anos. Em 2024, o bioma não apresentou um período de cheia, o Rio Paraguai atingiu cota máxima de 1,50 metros. Foi também um dos piores anos de queimadas para o bioma, que teve 2,6 milhões de hectares queimados, o que corresponde a 17% da área total do Pantanal.
Juliano Schirmbeck, coordenador técnico do MapBiomas Água, explica que os dados servem como um alerta sobre a necessidade de estratégias para a gestão hídrica, além da criação de políticas públicas que revertam essa tendência de queda, no só em Mato Grosso, mas em todo o país.
De acordo com ele, no Brasil, oito dos 10 anos mais secos de toda a série ocorreram na última década, e o aumento dos períodos de seca, por exemplo, no Pantanal, deixa o bioma mais suscetível à incidência e propagação de queimadas. A dinâmica de ocupação e uso da terra no Brasil, junto com eventos climáticos extremos, causada pelo aquecimento global, está deixando o Brasil mais seco, explica.
Por Gazeta Digital